domingo, 17 de maio de 2020

Governo divulga calendário para recebimento da 2ª parcela do auxilio emergencial


auxilio emergencial
Diante de muita expectativa e ansiedade dos brasileiros com uma demora de mais de 15 dias para o pagamento de R$ 600 do auxílio emergencial, o governo finalmente liberou o calendário da segunda parcela. Com a liberação do calendário ficou definido três cronogramas de saque.
1- Para quem recebe em poupança digital
2- Para quem recebe o Bolsa Família
3- Para quem deseja sacar o dinheiro em espécie

A segunda parcela do auxílio emergencial começará a ser paga já na próxima segunda-feira. O pagamento da segunda parcela se estende do dia 18 de maio até o dia 13 de junho. O cronograma de pagamento diferentemente da primeira parcela agora seguirá pelo mês de aniversário, ou pelo número do NIS, no caso quem recebe o Bolsa Família.

O pagamento da segunda parcela

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, informa que o pagamento será mais tranquilo e eficiente do que o pagamento feito na primeira parcela.
Com essa mudança no calendário haverá menos aglomeração para saque o que acabou se tornando um problema durante a primeira parcela. Além de maior tranquilidade no pagamento, outra novidade é que o saque também poderá ser feito nas agências dos correios.

Quem vai receber na Segunda-Feira?

De acordo com portaria publicada no DOU e assinada pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, os primeiros a receber o auxílio emergencial na segunda-feira (18), são os beneficiários do Bolsa Família que possem NIS 1. Na terça o dinheiro é liberado para NIS 2 e assim por diante.
Vão receber na segunda-feira os brasileiros beneficiários do Bolsa Família que possuem o NIS 1. Na terça o começa o pagamento para o NIS 2 e assim sucessivamente.Vale lembrar que o pagamento para poupança digital começa na quarta-feira 20 para nascidos em janeiro e fevereiro seguindo a ordem do mês de nascimento e para quem deseja retirar o dinheiro em espécie os saques começam no dia 30.

Calendário de pagamento

Para quem vai receber em poupança digital

Data do recebimento:20 de maio (QUA)21 de maio (QUI)22 de maio (SEX)23 de maio (SÁB)25 de maio (SEG)26 de maio (TER)
Nascidos em:Janeiro e fevereiroMarço e abrilMaio e junhoJulho e agostoSetembro e outubroNovembro e dezembro

Calendário da 2ª parcela (saque) – Bolsa Família

Data do recebimento:18 de maio (SEG)19 de maio (TER)20 de maio (QUA)21 de maio (QUI)22 de maio (SEX)25 de maio (SEG)
Número de Identificação Social:NIS 1NIS 2NIS 3NIS 4NIS 5NIS 6
Data do recebimento:26 de maio (TER)27 de maio (QUA)28 de maio (QUI)29 de maio (SEX)
Número de Identificação Social:NIS 7NIS 8NIS 9NIS 0

Calendário da 2ª parcela (saque) – Poupança Social e demais públicos

Data do recebimento:30 de maio (SÁB)1 de junho (SEG)2 de junho (TER)3 de junho (QUA)4 de junho (QUI)5 de junho (SEX)6 de junho (SÁB)
Nascidos em:JaneiroFevereiroMarçoAbrilMaioJunhoJulho
Data do recebimento:8 de junho (SEG)9 de junho (TER)10 de junho (QUA)12 de junho (SEX)13 de junho (SÁB)
Nascidos em:AgostoSetembroOutubroNovembroDezembro

Vacina contra coronavírus pode sair mais rápido do que outras



Das mãos de pesquisadores da UFMG saíram as duas fórmulas em análise no Brasil, consideradas bem-sucedidas pela OMS (foto: Jorge Lopes/EM/D.a press)



Se olharmos de relance, eles não são tão diferentes assim. O coronavírus, o HIV e o vírus da dengue se constituem de material genético (RNA) coberto por um envelope de lipídios e proteínas. A grande esperança da comunidade científica e da população para lidar com essas doenças são vacinas com grande poder de proteção. Se esse poder for grande o suficiente, no caso de uma vacina contra o Sars-CoV-2, causador da covid-19, quem sabe as medidas de distanciamento social possam se tornar coisa do passado?
Governos, institutos de pesquisa, indústrias farmacêuticas e dezenas de milhares de cientistas em todo o mundo aceitaram o desafio de tentar lançar o quanto antes uma vacina contra o Sars-CoV-2. Alguns dos mais de 120 candidatos já estão na chamada fase 2 de pesquisa clínica (de um total de três), quando se busca comprovar a eficácia com ensaios que envolvem até centenas de seres humanos.

Se tudo der certo, é possível que algumas vacinas já sejam lançadas no fim deste ano ou ao longo de 2021. Trata-se de velocidade impressionante se lembrarmos que desde a década de 1980 a humanidade se esforça para criar imunização contra o HIV e que pesquisas de vacinas contra a dengue acontecem desde a década de 1950. Tipicamente, leva-se uma década ou mais para se lançar uma vacina.
Só em 2016 foi aprovada uma vacina contra a dengue, a Dengvaxia, da Sanofi, com proteção de 60,4% após três doses e capacidade de reduzir em 80% as hospitalizações. Em 2017 a bula do fármaco foi alterada, porém, porque havia o risco de que quem nunca teve dengue, após receber a vacina, desenvolvesse quadro mais grave da infecção.
Os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA intensificaram a busca por uma vacina contra a dengue a partir do começo deste século e conseguiram obter um candidato, o TV003. No Brasil, os testes são conduzidos pelo Instituto Butantan, que planeja lançar a imunização antes de 2024, segundo Ricardo Palacios, diretor de ensaios clínicos.
Comparar os mais de 60 anos para se chegar a uma vacina contra a dengue com poucos meses que podem nos separar de uma vacina para prevenir a covid-19 é injusto, avalia Palacios. O motivo, explica, é que a vacina da dengue é tetravalente e age contra os quatro sorotipos do vírus.
No caso, o problema é que a resposta imunológica a um dos vírus, pode, em vez de atenuar, amplificar a infecciosidade dos demais. Por isso quem já teve a doença tem maior risco de desenvolver dengue hemorrágica.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos o vírus da dengue infecta 390 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 96 milhões apresentam sintomas e milhares morrem.
No caso do coronavírus, como se trata de apenas um vírus, o trabalho a ser desenvolvido potencialmente é bem menor.
Uma possibilidade que pode acelerar os testes clínicos e que foi empregada com sucesso em um teste nos EUA é o chamado "ensaio de desafio" – voluntários, imunizados ou não, se sujeitam a serem infectados pelo patógeno em um ambiente controlado a fim de ajudar a compreender a patologia ou a testar a capacidade de uma vacina.
Outro trabalho hercúleo que tem tomado décadas dos cientistas é encontrar uma boa vacina contra o vírus da imunodeficiência humana, o HIV, causador da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). Todo ano, 770 mil pessoas morrem por causa do vírus. Esse número já foi de quase 2 milhões há cerca de 15 anos.
Uma vacina com alto poder de imunização, avaliam estudiosos, é a arma que falta para fazer com que essas mortes cheguem um dia a zero. Por causa do comportamento elusivo do vírus, porém, ainda não chegamos lá.
O HIV infecta células do sistema imunológico e incorpora uma versão em DNA de seu material genético ao da célula hospedeira. O organismo até consegue fabricar anticorpos, mas isso se dá tarde demais, quando o patógeno já não está circulando, mas escondido. Com a sabotagem do sistema imunológico, o corpo fica mais suscetível a infecções e a alguns cânceres.
Em 1984, quando a epidemia de Aids ganhava tamanho, o governo norte-americano anunciou que uma vacina estaria pronta para testes dali a dois anos. Não deu certo, assim como diversas outras tentativas. Um resultado moderadamente animador veio em 2009, quando uma candidata a vacina foi capaz de reduzir a chance de transmissão em 31%.
Desde então, a maior aposta dos cientistas são os bNAbs (anticorpos com neutralização de amplo espectro). Uma vez obtidos, esses anticorpos seriam capazes de lidar com diversas variantes do HIV, que naturalmente sofre mutações. Se os bNAbs estiverem presentes antes de o HIV de fato aparecer, há grandes chances de o patógeno ser eliminado antes de conseguir se esconder.
No caso do Sars-Cov-2, como ele não tem essa capacidade de se esconder, depois que as pessoas se infectam é muito provável que haja imunidade, caso sobrevivam.
Tudo pode parecer novo na pandemia de covid-19, mas o vírus não é tão inédito assim. Desde as epidemias de Sars (síndrome respiratória aguda grave) e Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio), também causadas por coronavírus, diversas pesquisas têm buscado conhecer os patógenos e criar possíveis vacinas.
Uma das proteínas mais usadas como alvo é a S (spike).
– Existem diferença entre as spikes, mas em termos de estratégia de infecção e de transmissibilidade, isso já foi muito explorado. São mais de 15 anos de conhecimento – afirma Paola Minoprio, coordenadora da Plataforma Científica Pasteur-USP, que reúne pesquisadores dedicados ao estudo de doenças infecciosas.
Para especialistas, é fundamental que sejam seguidos todos os passos da pesquisa clínica.
– Podemos apressar os passos de revisão, priorizar a análise, mas não abrir mão do rigor. Não podem passar pesquisas com dados insuficientes, ou mesmo relaxar o padrão – afirma Palacios.
Caso esses cuidados não existam, diz o diretor de ensaios clínicos do Butantan, um produto ruim pode ser aprovado, provocando uma catástrofe.
– As pessoas podem deixar de acreditar não só nessa, mas em todas as vacinas, e até mesmo passar a recusá-las.
Assim que houver solicitação de registro de uma vacina contra o coronavírus, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma, em nota, que vai colocar todos os esforços necessários para que ela seja disponibilizada "com a celeridade necessária e com a devida comprovação de qualidade, segurança e eficácia".
Para a Agência, não é possível fazer previsão de quanto tempo levaria a análise de medicamentos e vacinas contra a doença. A resolução da diretoria colegiada (RDC) 55/2010, diz que é possível que haja registro de vacina antes mesmo de encerrar a fase 3 de pesquisa, no caso de "doenças graves e/ou de alta mortalidade", "desde que seja demonstrada uma alta eficácia terapêutica ou preventiva e/ou não exista outra terapia ou droga alternativa comparável para aquele estágio da doença".



Seis ex-ministros da Defesa reafirmaram neste domingo (17), em nota, o compromisso das Forças Armadas com a democracia. Os ex-ministros afirmam no comunicado que as Forças Armadas são instituições de Estado e que têm como “missão indeclinável a defesa da Pátria e a garantia de nossa soberania”. A nota é assinada pelos ex-ministros Aldo Rebelo, Celso Amorim, Jaques Wagner, José Viegas Filho, Nelson Jobim e Raul Jungmann. Entre os signatários, Jungmann é o único que não foi ministro dos governos do PT “Assim, qualquer apelo e estímulo às instituições armadas para a quebra da legalidade democrática – oriundos de grupos desorientados – merecem a mais veemente condenação. Constituem afronta inaceitável ao papel constitucional da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, sob a coordenação do Ministério da Defesa”, diz o texto. A manifestação dos ex-ministros acontece quase um mês após o presidente Jair Bolsonaro ter feito um discurso num ato que pedia a “intervenção militar” e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), em frente ao Quartel-General (QG), em Brasília.
Leia a íntegra do comunicado dos ex-ministros da Defesa:
“As Forças Armadas são instituições de Estado com importante papel na fundação da nacionalidade e no desenvolvimento do país. Sua missão indeclinável é a defesa da Pátria e a garantia de nossa soberania. Merecidamente, desfrutam de amplo apoio e reconhecimento da sociedade brasileira. Diante das imensas dificuldades decorrentes da crise imposta pela pandemia do coronavírus, cujos efeitos se alastram, de forma trágica, pelo Brasil, as Forças Armadas cumprem importante papel no enfrentamento das adversidades e na manutenção da unidade e do ânimo da população. A democracia no Brasil, mais que uma escolha, conforma-se como um destino incontornável, que necessita da contribuição de todos para o seu aperfeiçoamento. A Constituição estabelece no seu artigo 142 que as Forças Armadas ‘destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constituídos e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem’.
Não pairam dúvidas acerca dos compromissos das FAs com os princípios democráticos ordenados na Carta de 1988. A defesa deles tem sido e continuará sendo fundamento da atuação das Forças. Assim, qualquer apelo e estímulo às instituições armadas para a quebra da legalidade democrática – oriundos de grupos desorientados – merecem a mais veemente condenação. Constituem afronta inaceitável ao papel constitucional da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, sob a coordenação do Ministério da Defesa. É o que pensamos na condição de ex-ministros de Estado da Defesa que abaixo subscrevemos.
Aldo Rebelo
Celso Amorim
Jaques Wagner
José Viegas Filho
Nelson Jobim
Raul Jungmann”

Fonte: O LIBERAL

Peste negra: A Grande Peste

Se bem que na época os pobres lamentassem suas numerosas perdas -  muitos deles acreditando piamente que a pestilência era uma trama  dos mandões e dos ricaços para que  todos os plebeus fossem para o inferno - enquanto os endinheirados escapavam, refugiando-se em suas herdades no campo, onde melhor se protegiam de qualquer estranho ou recém-chegado, pode-se dizer que  Peste Negra foi ao seu modo uma catástrofe igualitária. Gente poderosa também sucumbiu.
Um rei de Castela, Afonso XI,  e uma futura rainha da França, Bonne de Luxemburgo, mãe dos dez filho de Jean II, o Bom, foram derrubados pela Grande Ceifeira, padecendo ulcerados, purulentos e agoniados como qualquer comum, caso idêntico ao ocorrido com dois ex-chanceleres ingleses e três arcebispos de Canterbury. Igual foram alvo os notários, os sacerdotes, os médicos, e todos os profissionais que tinham que lidar com o público, como foi o caso de 20 dos 24 médicos de Veneza. Para grande consternação do rei Felipe da França até seus arrecadadores de impostos apodreceram nas estradas.
A festa da morte também foi grossa nos mosteiros e nos conventos. Cidades fechadas, circunscritas pelo claustro, construídas pelas ordens religiosas como uma imitação e uma antecipação da vida no Paraíso, onde se passava o dia cantando louvores a Deus, tornaram-se num matadouro dirigido por Satanás. O irmão de Petrarca, um frade de um mosteiro, enterrou todos os seus companheiros, só restando ele dos 35 que lá viviam. Em Montpellier, por exemplo, só 7 frades, num total de 140 dominicanos,  escaparam da morte. Em Marselha,  todos os 150 franciscanos foram chamados de uma vez só aos céus, o mesmo dando-se com 27 monges da Abadia de Westminster. Na região do Perpignon, na Espanha, dos 125 notários que existiam sobraram só 45, dos dez médicos somente um continuou vivo,  e 16 dos 18 barbeiros-cirurgiões morreram da Peste.
Nem o papa Clemente VI, que afirmara o trono de São Pedro na bela Avignon, no Sul da França, escapou de incomodar-se. Quando as mortes atingiram a 400 pessoas por dia, entre 1348-9,  na então capital da cristandade,  ele foi removido para um lugar distante, montanhoso,  para aguardar o mal enfraquecer. Se mesmo o representante de Deus na Terra era perseguido assim, imagine-se o restante.
Caso curioso de sobrevivência deu-se com quatro ladrões comuns que ficaram encarcerados num lugarejo francês durante o surto maligno, sendo os únicos a serem encontrados vivos graças ao isolamento e a terem se protegido borrifando-se com vinagre, cheiro forte que afastou deles as pulgas.

A falta de higiene
Tamanho descalabro não podia ser diferente visto as péssimas condições de higiene vigentes na Europa medieval. Descendentes dos povos bárbaros, dos godos, dos lombardos, dos alamanos, dos borguinhões, dos francos e saxões,  que invadiram as antigas províncias romanas, os europeus viviam de maneira bem pouco saudável. Todo o antigo sistema sanitário romano, inclusive o latrinário, fora destruído. Os aquedutos, os canais de esgotos  e as preciosas termas,  templos erguidos ao asseio, construídos nos velhos tempos pelos prefeitos, procônsules e imperadores,    foram delapidados pelos invasores que,  com aquelas pedras já talhadas,   ergueram fortins ou castelos para protegerem-se contra os inimigos.
Nas cidades e nas vilas medievais não havia nenhuma   profilaxia que pudesse precaver os habitantes contra epidemias ou algum tipo de limpeza pública eficaz, tanto é assim que cabia às varas de porcos - com seu apetite voraz –  o serviço de faxinarem tudo. Eles também, ao ingerirem os restos tocados ou usados pelos pestilentos, sucumbiram em massa, aumentando mais ainda a exalação de insuportáveis miasmas. Durante o dia inteiro, das portas, do alto das sacadas ou das janelas,   era um sem parar de jogar baldes e  bacias cheias de tudo o que se possa imaginar bem no meio da rua. 
Gente de pouco banho e quase nenhum esmero com as coisas da higiene, os europeus medievais, fedorentos, rançosos, quando não sarnentos, eram por si sós  um chamariz ambulante para atrair as pulgas e os ratos. Explica-se pois o motivo dos médicos terem utilizado naquela ocasião  uma máscara com um imenso bico de pássaro, debaixo do qual colocavam  essências aromáticas afim  de neutralizar os odores medonhos que os sufocavam quando atendiam os infelizes em locais fechados. A peçonha era tão virulenta que acreditavam que era possível ser-se contagiado por um simples olhar.
Ação que mais serve para afirmar a impotência das autoridades perante o mal,  foi uma determinação do rei da França: lembrando-se da Peste que dizimara Atenas no tempo de Péricles, relatada por Tucidides (História da Guerra do Peloponeso), Jean II, o Bom, depois de ter ordenado uma salutar limpeza nas ruas de Paris, mandou que aspergissem vinho sobre as sarjetas!
Mulheres morreram em maior número do que os homens, suspeita-se por ficarem mais em casa, sujeitas às picadas dos insetos  que traziam a Pasteurella pestis, o mortal bacilo, e também porque seus maridos e filhos usavam botas , o que os protegia melhor dos ataques das saltadoras. Quem melhor se safou da dizimação, que no final matou um terço dos europeus, foram os montanheses, justamente  por viverem longe dos amontoados urbanos e por levarem uma existência bem mais saudável. Tanto é assim que as fatalidades na Suíça foram de bem pouca monta.

Testemunhos
Entrementes, a Signoria em Florença, o governo local,  bloqueava a entrada da cidade aos doentes, mas não se opunha aos que dela debandavam. A Praga, se desastrosa para a medicina da época, comprometida com concepções zodiacais,  impotente em frear o flagelo,  foi um momento de ouro para o curandeirismo. Qualquer  mandingueiro com um dedo de esperteza  tentava extorquir o que podia  das vítimas apavoradas, agonizantes,  prometendo-lhes curas repentinas por meio  de beberagens vãs, benzeduras e palavrório incompreensível.
Os cadáveres se avolumavam, decompondo-se nos lares ou jogados na frente das casas, ninguém queria mais saber deles. E não era para menos, pois como atestou Boccaccio -  que viu os estragos da Peste quando tinha 20 anos de idade - , aqueles que “tomaram o seu almoço de manhã com seus parente, colegas, amigos, e, em seguida, na tarde desse mesmo dia, jantaram no outro mundo, em companhia dos seus antepassados”( Decameron)
Petrarca, outro testemunho, escrevendo ao irmão, o único frade que sobreviveu num mosteiro depois de enterrar os 34 irmãos que lá viviam,  maldizia ainda estar vivo para ter que presenciar, impotente,  aquilo tudo, o horror infinito que muitos no futuro, prognosticou ele,  acreditariam ser uma fábula de mentes delirantes e  não algo que acontecera realmente.
Meu irmão! Meu irmão! Meu irmão!, É um começo de uma carta também usado por Marco Túlio Cícero 14 séculos atrás. Alás  meu irmão,  que poderia eu dizer? Como eu deveria começar? Por onde emocionar-me? Há sombras em todos os lados e em todo os lugares paira o medo. Eu gostaria, meu irmão, de não ter nascido ou então de ter morrido antes desses tempos.  Como poderá a posteridade acreditar que mesmo sem os relâmpagos do céu ou os fogos da terra, quando o bom tempo predominava sobre todo o globo, ele quase ficou sem seus habitantes. Um tal tipo de coisa jamais foi ouvida ou  vista antes; em qual dos anais leu-se alguma vez  que as casas ficaram vazias, as cidades desertas, os condados abandonados, o espaço totalmente diminuto frente  à morte e o receio  da mais completa solidão sobre toda a Terra? ...Oh feliz povo do futuro, que não conhecerá tais misérias e que tomará nosso testemunho como se fosse uma fábula.Carta de Petrarca ao seu irmão Gerardo,  único sobrevivente de um mosteiro em Monrieux, na França, datada em 1348)
Os féretros dos figurões, antes um acontecimento solene, com a parentela e os grandes da cidade acompanhando o caixão até o mausoléu da família, ao som de um bumbo fúnebre e  flauta triste,  acabaram virando uma cerimônia grotesca. Um par de humildes padioleiros  desconhecidos, contratados a peso de ouro, carregavam o defunto quase que na corrida para ir jogá-lo às pressas na primeira cova aberta que encontravam. Nas capelas e igrejas do campo santo, os mortos eram empilhados como se fossem carga de navio. Trazidos em carroções, como uma carga de achas de lenha podre, os enfiavam, sem reza ou benção,  três ou mais,  num só buraco aberto no chão. A indiferença e a apatia reinavam soberanas.
Nenhum laço de solidariedade  humana era capaz de atar alguém ainda saudável perto de um afligido no seu estertor, esganado pela pestilência,  dando-lhe de beber ou acalentando-o com uma prece. Nem lágrima havia para condoer-se do moribundo. Convertidos à misantropia, ninguém mais  ajudava um arquejante, nem familiar, nem criado. Até os animais de estimação, por roçarem-se nos donos,  morriam aos magotes. Andar pelas ruas era um risco e um sacrifício. Logo,  os poucos atrevidos traziam junto às narinas plantas aromáticas para atenuar a fedentina dos restos insepultos e do lixo que se acumulava por toda a parte.
Florença ficou quase que deserta pela fuga dos que ainda podiam andar. Não caminhavam muito,  pois a pestilência os emboscava na primeira curva da estrada. Então debatiam-se, contorcendo-se na mais completa solidão, não tendo  o consolo de um só olhar de comiseração que fosse. No campo não era diferente.  Sem o vaqueiro ou o pastor, todos mortos, os bichos sucumbiam ao abandono ou de fome em razão da forragem  não lhes era mais oferecida. As estrebarias  ficaram atulhadas de belas éguas e garanhões  mortos.  Em apenas cinco meses, de maio a setembro de 1348, registrou Boccaccio, cem mil vidas, em Florença e nas cercanias,  foram tiradas pela pistelenza, como os italianos a denominaram. 

De quem era a culpa
A contabilidade sinistra foi impressionante. Em Marselha as vítimas foram 16 mil; em Avignon, então sede papal, onde faleciam 400 por dia, chegaram a 33 mil; em Lion foram 45 mil,  e em Paris oscilaram entre 80 a 100 mil, o mesmo que em Florença e seus arredores. Na Alemanha a  Der Schwarze Tod, a Morte Negra,  arrasou com a população do vale do rio Reno: de Mainz até Colônia bem pouca gente sobreviveu. O mesmo se dando com os portos  bálticos como o de Lübeck, onde o livro dos mortos registrou em poucas semanas o nome de 6.966 vitimados.
Em quase toda a Germânia, a peste - penetrando em direção a Augesburgo e dali para Hamburgo,  bem mais ao norte - ,  agiu com mais virulência sobre  as crianças, por isso chamarem-na de Kinderpest, a peste infantil. E assim  deu-se por todo os lugares: na Polônia em 1350,  e na Rússia, entre 1351/2. Tal calamidade, diagnosticaram os sábios doutores da Sorbone de Paris, em resposta a um consulta do rei, em outubro de 1348, somente poderia advir da má confluência dos astros. O mau alinhamento cósmico de Saturno, Júpiter e Marte no 40° de Aquário, asseguraram eles, é quem fez aquele estrago todo.
Rogos, preces, promessas e penitências, carpir os mortos em dobro, invocar São Roque, o protetor dos lazarentos,   nada minorava o implacável destino que estava reservado às populações vergastadas pela pestilência. Ao contrário, qualquer ajuntamento pretendido, a mínima formação de um punhado de fiéis para reclamarem dos céus os rigores da vara de Deus, matava mais gente ainda. Calcula-se que dos 1.200.000 peregrinos que foram a Roma para celebrar o Ano Santo de 1350,  somente cem mil deles restaram vivos.
O próprio papado tratou de proibir as grandes procissões dos dias santos e liberar os moribundos da extrema unção. Aquele “ extermínio da humanidade”, pareceu a MatteoVillani um outro Dilúvio, onde o povo ao invés de afogar-se, sufocava em suores pestíferos.  
O desespero crescente levou a que  bandos de flagelantes começassem a aparecer por todos os lados, mais na França e na Alemanha do que na Itália, haja vista  que a doença no medievo era entendida como “ a marca do pecado”, se alguém sofria no leito era porque boa coisa não fizera antes. Prática desconhecida na Europa até o século XI, o hábito das disciplinas, como designavam a autoflagelação,  virou moda na época da Peste Negra. Vestindo-se com uma bata ou um saco branco, com uma cruz vermelha no peito,  liderados por um mestre-flagelante que assumia-se como confessor e aplicador dos rigores, a Irmandade Flagelante ou os Portadores da Cruz,  reunidos em grêmios de penitentes, desejavam ficar com o corpo tão lacerado como o do Cristo  crucificado.
Para tanto, imaginando purgarem-se das suas  transgressões, despojando-se das suas impurezas cobertos de cinzas, com pescoço enfiado em nós de forca, murmurando e gemendo ladainhas sem fim, chicoteavam-se de um modo muito cruel. Nas tiras do relho pendiam pontas de ferro que, ao lacerarem as suas próprias costas,  arrancavam nacos de carne e esguichos de sangue, dando a eles uma aparência impressionante, tenebrosa, de almas perdidas.
Assumindo-se como um espécie de infantaria ligeira do fanatismo e da superstição, os flagelantes, em turmas de 50 ou até de 500 homens, descamizados, peregrinando de aldeia em aldeia,  de cidade em cidade, em procissões que deviam durar 33 dias e meio ( a idade de Cristo), rogavam:  “Virgem Santíssima, tende piedade de nós! Pedi a Jesus que nos poupe! Misericórdia, misericórdia! Paz, paz!”  Logo consideraram-se como os crentes purificados pelos açoites e,  por conseguinte, para pavor de clero instituído,  hábeis em promover salvações, dar bênçãos e até exorcizar os agentes do demônio que poluíam as moradas. 
O que os movia era a Carta Celeste, documento apocalíptico, espécie de constituição dos suplicantes,  lida por um Anjo a serviço dos céus, na qual a peste era entendida como um  látego divino vibrado por Deus. Visava a punir os faltosos e os pecadores, a humanidade que não tinha jeito em emendar-se, em empenhar-se no abandono das abominações, das luxurias, das fornicações reprováveis, do gosto pela blasfêmia e pela mentira, dos adultérios e das usuras. O  Pai Supremo se cansara  e decidira destruir parte da sua criação, livrando a terra daquela multidão obstinada em manter-se no pecado. Porém,  fora detido a tempo pelos rogos da Virgem Maria que apelara para que, pelo menos, alguns dos seus filhos sobrevivessem, por isso chamavam a atenção dele vergastando-se em público e no privado.

TSE monitora reflexos da pandemia no calendário das eleições

Qualquer mudança de data, por menor que seja, requer aprovação de uma proposta de emenda constitucional.


Primeiro turno das eleições 2020 está marcado para 4 de outubro

A eventual necessidade de se adiar as eleições deste ano é um cenário monitorado de perto por um grupo de trabalho instituído em abril pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar da pandemia do novo coronavírus, o tribunal afirma que, por enquanto, tem dado conta de manter o seu cronograma de providências materiais e testes para que o calendário eleitoral não sofra alterações. 
Como a constituição prevê que a eleição deve ser realizada "no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder", qualquer mudança de data, por menor que seja, requer aprovação de uma proposta de emenda constitucional. Ou seja, precisa de duas votações na Câmara - com aprovação de ao menos 308 dos 513 deputados - e outras duas no Senado, com o aval de 49 dos 81 senadores.
No mês passado, pouco depois de tomar posse como presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que se empenharia para "evitar qualquer tipo de prorrogação na medida do possível". Ele admitiu, porém, que o contexto da pandemia é que definiria a data da votação. "Se não tivermos condições de segurança, teremos de considerar o adiamento pelo prazo mínimo." 

8 em cada 10 professores não se sentem aptos a aulas online


Professor Rodrigo Baglini prepara vídeo aula: 'Essa pandemia nos obrigou a apresentar para o mundo um novo modelo de ensino, que deveria ser implantado num processo progressivo'

Foto: Divulgação / BBC News Brasil


É o que mostra pesquisa do Instituto Península, à qual o 'Estadão' teve acesso com exclusividade. Quase 90% deles informaram nunca ter tido experiência com ensino a distância e 55% não ter recebido treinamento para atuar

Quase dois meses depois de as escolas fecharem no País todo por causa da pandemia do coronavírus, 83% dos professores não estão preparados para ensinar online. E são eles que dizem isso, em pesquisa realizada pelo Instituto Península, à qual o Estadão teve acesso. Os docentes de redes públicas e particulares ainda se declaram ansiosos e nada realizados com o trabalho no momento atual.

Estudos internacionais e experiências em países que são considerados exemplos de educação mostram que o professor é fator determinante para o ganho de aprendizagem do aluno, principalmente para os mais vulneráveis. Em tempos de isolamento, a importância aumenta, já que muitas vezes o profissional é o único vínculo com a escola. Quase 90% dos docentes informaram na pesquisa que nunca tinham tido qualquer experiência com um ensino a distância e 55% que não receberam, até agora, suporte ou treinamento para atuar de maneira não presencial. Sem orientação clara, os profissionais têm criado as próprias atividades. Não é à toa que 83% afirmaram se comunicar pelo WhatsApp com as famílias, em vez de usar ferramentas pedagógicas das escolas ou redes.  "Enquanto uma série de profissionais no meio de uma pandemia está fazendo seu trabalho de casa e já é difícil, o professor ainda está tendo de se reinventar completamente", diz a diretora executiva do Instituto Península, Heloisa Morel. "Imagine a sobrecarga e o estresse."  Desde meados de março, quando as aulas foram paralisadas, as secretarias de Educação têm oferecido programas a distância, alguns pela TV, e feito parcerias para usar ferramentas online. "Mas é preciso uma organização maior para que o professor entenda o que ele tem de fazer." A professora Márcia Cristina Amorim Chagas, de 50 anos, decidiu gravar vídeos com o celular no sítio onde mora em Itapecerica da Serra. É a filha de 17 anos que faz as filmagens, "quando está de bom humor", brinca. Em um deles, Márcia teve a ideia de mostrar aos alunos como as cinzas das queimadas podem ajudar a adubar a terra para plantar cebolinha. Depois, o material vai sempre por WhatsApp para os pais das crianças. Márcia ainda pede que os alunos escrevam ou gravem em áudio o que aprenderam. "Uso o meu celular, com a minha internet, que às vezes não funciona, e meu computador que paguei durante dois anos", diz ela, que dá aulas para 4º e 5º ano em uma escola estadual na Vila Madalena, zona oeste. "Eu trabalho numa escola integral e tive alguma formação em tecnologia, mas para o que estamos precisando agora, o que aprendi foi mínimo." "Mesmo eu que trabalho numa escola integral e tive alguma formação em tecnologia, para o que estamos precisando agora, o que aprendi foi mínimo." A professora diz que ainda não conseguiu usar o Centro de Mídias com suas turmas, plataforma criada pelo governo do Estado para o ensino remoto durante a pandemia.
Na rede particular, o WhatsApp é menos comum e 56% disseram usar o aplicativo de mensagens para se comunicar com o aluno. Mais frequente é a comunicação por meio de plataformas da escola. Mesmo assim, o sentimento de despreparo diante do desafio de ensinar online é o mesmo. "As coisas foram impostas de um dia para o outro, com o isolamento. Ninguém teve tempo de se preparar", diz a professora de ensino fundamental de uma escola particular de elite da capital, que pediu para seu nome não ser divulgado. Ela dá aulas para a fase de alfabetização e passou a criar jogos em aplicativos, com quebra-cabeça e localização de palavras, para seus alunos. "Estamos fazendo o melhor possível, mas não é nem de longe o que a gente entende por educação. Isso é bastante angustiante." A presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, diz que poucas secretarias de Educação ou mesmo escolas particulares no País deram formação ou infraestrutura para professores em aulas não presenciais. A maioria dos profissionais tem usado seus próprios computadores, Wi-Fi ou celulares. "Não há preparação para aulas a distância e que são muito diferentes das presenciais. Não é intuitivo saber o que fazer online para assegurar a aprendizagem dos alunos", diz.

Saúde mental prejudicada

A pesquisa ainda mostra que o cenário inclui uma saúde mental já prejudicada do professor. Quase 70% deles se disseram ansiosos e só 3%, realizados. E a maioria (75,2%) relatou que não recebeu até agora nenhum apoio emocional da escola em que trabalha. Mesmo em redes particulares, as equipes costumam se reunir online para discutir as abordagens pedagógicas durante a pandemia, mas raramente há grupos com psicólogos para que os professores possam expor o que sentem.  Em documento divulgado pelo Todos pela Educação na semana passada, o impacto emocional em professores foi um dos pontos principais apontados para que as escolas se preocupem na volta às aulas. O grupo de especialistas que analisou 43 pesquisas sobre momentos semelhantes ao atual, como desastres e guerras, diz que o suporte psicológico para professores é crucial porque, além de serem diretamente impactados pela crise, precisarão atuar na minimização dos efeitos sentidos pelos alunos.  A pesquisa "Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil", do Instituto Península, está ouvindo os profissionais da Educação desde março e continuará até o fim da crise. Participaram nesta etapa 7.734 professores de escolas públicas e particulares do País, entre os dias 13 de abril e 14 de maio. 'Pais estão dando mais valor à nossa profissão', conta professora.  A professora Fabiane Bandeira Viana, que dá aulas em uma escola municipal de Manaus, no Amazonas, descobriu um jeito de seus alunos, de 5 anos, conseguirem fazer atividades remotas. Como eles não têm impressoras, ela escreve em um caderno a lição, fotografa e manda pelo WhatsApp para os pais, que copiam para os cadernos dos filhos. Depois que as crianças realizam a tarefa, a família tira outra foto e manda de volta. "Nem todos respondem todo dia, às vezes um liga e avisa que não mandou porque ficou sem crédito no celular", conta. A professora nunca tinha dado aulas online e agora já sabe editar vídeos para mandar aos alunos. "Aprendi com umas blogueiras, coloco carinhas, música." Ela diz que sofre de ansiedade e medo de se contaminar com a covid-19, mas vê um lado bom. "Os pais estão dando mais valor à nossa profissão, estão vendo que não é fácil educar."
Fonte: Portal Terra

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Agressão a Jornalista é inadmissível, diz ministro chefe da Casa Civil



ERBS Jr./Framephoto/Estadão Conteúdo
Imagem: ERBS Jr./Framephoto/Estadão Conteúdo


O ministro da Casa Civil, Braga Netto, disse nesta segunda-feira, 4, que é "inadmissível" qualquer tipo de agressão a jornalistas. Ele foi questionado, em coletiva no Palácio do Planalto, sobre o ataque de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro a jornalistas durante ato pró-governo ocorrido neste domingo, 3, como chutes, socos e empurrões a equipe de profissionais do Estadão. "Liberdade de expressão é requisito fundamental e a liberdade de imprensa é prezada como um todo. O que pedimos, exatamente, é que mostrem todos os lados. Qualquer tipo de agressão a jornalistas, isso é opinião minha e do governo, ela tem de ser apurada. E ela é inadmissível", disse Braga Netto.
O Ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, concordou com Braga Netto. Ele disse que Bolsonaro "se mostrou bastante aborrecido" com a agressão. "É o que ele fala, ele não controla esse pessoal todo", disse Ramos. Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida a agressão sofrida por profissionais do jornal O Estado de S. Paulo em ato realizado contra o Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) do domingo, 3, em Brasília, e disse que, "se houve", partiu de "possíveis infiltrados". Bolsonaro esteve presente na manifestação, mas disse que não viu a violência ao fotógrafo Dida Sampaio e a outros membros da equipe de reportagem. 
Também nesta segunda, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, divulgou nota na qual afirma que qualquer agressão a profissionais de imprensa é "inaceitável" e que a liberdade de expressão é requisito fundamental de um país democrático

Pedido por 'notícias positivas'

No dia seguinte ao número acumulado de casos da covid-19 no Brasil ultrapassar 100 mil, o ministro Ramos voltou a pedir notícias positivas sobre a covid-19. Ele disse que não é preciso omitir imagens de caixões e números sobre mortos e casos acumulados da doença, mas que faria bem para a população saber sobre quantas pessoas já foram curadas.

O estadão.

Instituto Butantan desenvolve vacina contra o coronavírus com bactérias editadas


Em desenvolvimento, a maioria das vacinas trabalha a imunização do paciente a partir do patógeno (o coronavírus) morto ou atenuado. Ao serem injetadas no organismo, essas vacinas celulares, como são chamadas, desenvolvem uma resposta imune contra o microrganismo, a partir da produção de anticorpos específicos. Essas células de defesa são produzidas pelo próprio indivíduo de forma segura, após ser exposto, de alguma forma, pelo vírus.
“As vacinas celulares são formas simples, e com frequência eficazes, de se obter um imunizante, porém, essas abordagens nem sempre funcionam, principalmente para patógenos com grande variabilidade antigênica ou organismos mais complexos, com mecanismos de evasão do sistema imune mais sofisticados”, diferencia a pesquisadora sobre a nova vacina do Instituto Butantan.

Como funciona?

Diferente das pesquisas em andamento, os cientistas estão desenvolvendo uma vacina acelular. A estratégia nacional é inspirada em um mecanismo, naturalmente, usado por algumas bactérias como tática para confundir o sistema imune humano. Essas bactérias liberam pequenas esferas, que são feitas com o material de suas membranas, como uma isca para desviar a defesa do organismo.
Essas membranas da bactéria ativam de forma muito eficiente o sistema imunológico do hospedeiro, concentram todo o ataque das células e moléculas de defesa desse ser. No entanto, o organismo só ataca a armadilha, ou seja, nunca chega de fato à bactéria, que segue se reproduzindo.
Os cientistas do Instituo Butantan vão aproveitar dessa tática, que envolve as vesículas de membrana, para acoplar a elas proteínas de superfície do novo coronavírus. Feitas em laboratório, essas vesículas modificadas geneticamente vão atrair a defesa imune contra as proteínas de superfície do novo coronavírus e, com isso, induzem uma memória imunológica, muito mais resistente e preparada, a ser mobilizada no caso de uma eventual infecção.
Após ser imunizado pela vacina, a tese é que o paciente tenha uma resposta forte e preparada contra as proteínas da membrana do novo coronavírus, o que deve impedir que a doença se alastre pelo seu corpo e a pessoa chegue ao estado grave. Já que o seu sistema imunológico já estará pronto para esse combate.
Para essa abordagem, juntamos duas estratégias diferentes que já vínhamos utilizando no desenvolvimento de vacinas contra outras doenças. A nova técnica permite que as formulações contenham uma grande quantidade de um ou mais antígenos do vírus em uma plataforma fortemente adjuvante, induzindo uma resposta imune mais pronunciada”, comenta Luciana.
O estudo é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e integra plataforma de pesquisa que já trabalha no desenvolvimento de outras vacinas, como para coqueluche, pneumonia, tuberculose e esquistossomose. Recentemente, foi criada uma linha no projeto voltada, especificamente, para o desenvolvimento de uma vacina para a COVID-19.

Ator Flávio Migliaccio se suicidou e deixou carta: “A humanidade não deu certo



Em tom melancólico, ator se despediu da vida e disse que teve "a impressão que foram 85 anos jogados fora num país como este e com esse tipo de gente"
Encontrado sem vida em seu sítio em Rio Bonito, o ator Flávio Migliáccio cometeu suicídio, segundo informações da polícia, e deixou uma carta melancólica à família em que lamenta a situação do país e diz que a humanidade “não deu certo”.
“Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é (…) como tudo aqui. A humanidade não deu certo”, escreve o ator no texto, que circula nas redes sociais e foi confirmado como autêntico por um policial à Fórum.
Na carta, o ator diz ainda que teve “a impressão que foram 85 anos jogados fora num país como este e com esse tipo de gente que acabei encontrando”.
“Cuidem das crianças de hoje”, finaliza Migliaccio na carta
O ator tornou-se conhecido pelos personagens “Tio Maneco” dos filmes Aventuras com Tio Maneco e Maneco, O Super Tio, e “Xerife” da novela O Primeiro Amor e do seriado infantil Shazan, Xerife & Cia. Ele também interpretou o árabe “Seu Chalita” em “Tapas e Beijos”.
Migliaccio teve grande participação em várias fases do cinema nacional, começando pelo período do Cinema Novo, quando atuou em obras inesquecíveis como “A Hora e a vez de Augusto Matraga”, filme de Roberto Santos baseado no conto de Guimarães Rosa que faz parte do livro “Sagarana”; “Terra em Transe”, o clássico e Gláuber Rocha.
Mais recentemente, atuou também nos dois “Boleiros”, de Ugo Georgetti. Flávio Migliaccio.
A última participação do ator na TV foi em 2019 na novela “Órfãos da terra”, no papel de Mamede Aud. Ele também participou do filme “Hebe”, sobre a apresentadora Hebe Camargo, ao lado de Andrea Beltrão.
revistaforum.com.br

Defesa diz ao STF que abre mão do sigilo do depoimento de Moro à PF

Em documento enviado ao ministro Celso de Mello, relator do caso no Supremo, advogados do ex-ministro dizem querer evitar 'interpretações dissociadas de todo o contexto das declarações'.


O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro — Foto: GloboNews
Foto: Globo News

Advogados do ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (4) que abrem mão do sigilo do depoimento prestado por Moro à Polícia Federal no último sábado (2) a fim de evitar interpretações fora de contexto.
O depoimento foi colhido no inquérito que apura suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na autonomia da PF, baseado em declarações públicas de Moro.
Em documento enviado ao Supremo, a defesa do ex-ministro diz que "não se opõe à publicidade dos atos praticados nestes autos", em referência ao depoimento e a futuras medidas.
Segundo os advogados, a intenção é evitar a divulgação de "trechos isolados" com "interpretações dissociadas de todo o contexto das declarações".
A equipe que defende Moro no caso diz ainda considerar que todos os "fatos relevantes" do inquérito são de interesse público.
"[...] Considerando que a imprensa, no exercício do seu legítimo e democrático papel de informar a sociedade, vem divulgando trechos isolados do depoimento prestado pelo Requerente em data de 02 de maio de 2020, esta Defesa, com intuito de evitar interpretações dissociadas de todo o contexto das declarações e garantindo o direito constitucional de informação integral dos fatos relevantes – todos eles de interesse público – objeto do presente Inquérito, não se opõe à publicidade dos atos praticados nestes autos, inclusive no tocante ao teor", dizem os advogados.
Moro depôs à Polícia Federal em Curitiba, no sábado, por mais de oito horas. Segundo a TV Globo apurou, além de confirmar provas que já tinha apresentado da suposta interferência de Jair Bolsonaro, o ex-ministro entregou novos documentos e permitiu a extração de dados de seus aparelhos eletrônicos.
Até a publicação desta reportagem, o Supremo Tribunal Federal ainda não confirmava ter recebido o depoimento de Moro.
Caberá ao ministro Celso de Mello definir se o material será mantido em sigilo ou divulgado nesta etapa das investigações.
Na tarde desta segunda, o procurador-Geral da República, Augusto Aras, enviou novos pedidos de diligências ao STF.
Celso de Mello deve analisar os documentos para, então, definir se autoriza novas medidas como coleta de depoimentos e perícia em arquivos do celular de Moro.
Por Camila Bomfim e Mateus Rodrigues, TV Globo e G1 — Brasília
04/05/2020 17h59 portal  G1